quarta-feira, 29 de julho de 2009

...

Na palma de minha mão sinto o gélido,
Hálito dourado e alado
Me trazendo em bandejas enfeitadas 
A realidade que gostaria de ter.

O líquido desce
O trabalho não parece tão maçante
E o que me toca, realmente, se desvanece.

Tudo é neblina e torpor
Tudo torna-se tolerável e (in)visível,
Mecânico e inexistente.

O mouse roda e torno-me adulta.

O "preciso te contar algo" nunca mais me trouxe risadas 
de uma acontecimento vão...
Mas rugas e noites sem dormir
A pensar em fatos que me fogem do controle.

A morte se aproxima e beija-me as têmporas -
Como se faz presente um ente querido.

Percebo que o infinito dobra a esquina
E minha existência aqui é finda, 
Muito mais do que gostaria.



segunda-feira, 27 de julho de 2009

Escoar

Dor no peito.

Sinto e me encolho, instintivamente.
Me protejo abraçando a mim mesma
Procurando um alento,
posto que o que eu queria parece não vir.

Tudo é confusão
E dor.

Minhas retinas então percorrem lugares onde já estive:
Na tela de minha memória ou do computador
Promessas de dias felizes reaparecem
Em intimidades que já não habitam lugar algum
Senão num tempo que já passou.

Me foco no presente e mais uma vez
Confusão e dor.

Sou inundada por uma transbordar contido de tais sentimentos
Acompanhados com um orgasmo de querer bem
Que me faz descer as corredeiras de seus olhos azuis
Até o pingo de sal que alimenta minha boca
Me lembrando do seu gosto, tão doce...

E você desaparece, no horizonte de sua própria vida.

Para onde você vai, meu amor?
Toda vez que quase te alcanço, sinto você escorrer pelos meus dedos
E o carinho de sua partida, na carne minha que quer ficar
Enche todo meu ser com uma aflição que nem desse tempo é.

Nem desse tempo, nem desse mundo
Nem de homem, nem de mulher
Mas daquilo que é apenas um, uno.

Nunca me pareceu tão óbvio que para estar completa
Preciso não estar só.