quarta-feira, 15 de setembro de 2010

céu.

amor que resta
sai em conta-gotas de lembrança...

vejo seu rosto em minha frente.
você segura o meu com as duas mãos.
encostamos nossas frontes e falamos um o nome do outro.

nessa noite, já tão distante...
nessa noite, onde outras estrelas já habitam nosso céu.

sábado, 31 de julho de 2010

Cicatrizes

Ficaram as cicatrizes
E elas me lembram a todo momento você.

O que as provocou não foi a mesma lâmina que cortou sua pele
- e pariu essas marcas que te afastam cada vez mais de mim -
Mas a dor de sua partida.

O vazio que tomou seu lugar, amigo, homem e amante,
Me deixou com cicatrizes por todo corpo e alma:
Em cada parte minha por ti beijada
Nasceu uma escara difícil de curar.

Pois as lembranças são tão vivas que desejo novamente tocá-las...

Então as feridas se põem simplesmente a chorar
Por todo o universo que ainda seríamos.
Por essa vida torpe e tola que brotou de nosso fim.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Saudades

Saudades...
Saudades imensas e sinceras.
Saudades daqueles tempos que não mais voltam
e de outros que algum dia deveriam chegar.

Mas vivemos no momento do apenas vazio
Ego e descosntrução
Desconstrução e embate de egos.

Transportetrabalhogentecomputadorgentecomputadorgentecomputador
Cagarcomertransportecasaacordartransportetrabalhogentecomputador

Tudo muito cansativo, sem sentido.
Para onde foi toda a beleza?
Para onde foi todo o amor que precisa ser vivido?

Tudo e todos me atravessam.
Me sinto esgotada...
Triturada e cuspida por um sistema moedor de sonhos
- pois realmente não me sobraram muitos sonhos, sabe?
Ou pelo menos eu deixei de acreditar que eles são realmente possiveis.

Que coisa triste. Isso é realmente muito triste.
Agora sei para onde foram minhas risadas
- devem ter fugido com meus sonhos!

domingo, 18 de julho de 2010

Reflexão acerca de paixões que crescem na ausência.

Estou convencida - após muito pensar - que uma paixão crescer na ausência é o caminho mais lógico que poderia tomar tal pulsão:
Na ausência, cria-se um vazio do outro que lhe permite fantasiá-lo da forma que bem lhe convém - ainda que esse seja um processo, na maioria das vezes, inconsciente.

Me parece que na ausência se projeta, acima de tudo, a si mesmo.... E é por nós mesmos que nos apaixonamos.

A presença física e concreta do ser idealizado nos provoca então um choque: Não há redoma de ouro, raios dourados não saem por seus poros. Pelo contrário, invariavelmente nos perguntamos o que vimos de tão maravilhoso naquele que agora nos parece profundamente medíocre.

Não víamos apenas nosso próprio reflexo?

Lembro bem de uma professora da faculdade que relatou em uma aula sobre Foucault - onde entra Foucault aí os entendidos que expliquem - que, tendo sido exaurida a paixão em seu casamento, o indivíduo que dormia a seu lado todas as noites passou a ser pavorosamente menos interessante que a foto do mesmo que enfeitava sua cabeceira...
x

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ou...

Ou tudo não passa de uma tremenda mentira
Fruto de uma dificuldade sem tamanho
De lidar com uma paixão
Que cresce na ausência.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Pantera

Meu cio urge
Ruge
E fere.

Não há nele amor possível -
Há apenas o olhar que caça
A palavra que abate
E os passos que abandonam.

Pobre daquele que não vê o deserto por trás da miragem
E oferece seu sexo dando de brinde seu coração.

Então aqui deixo um aviso
- pois perversidade não pretendo cultivar -
Cuidado, muito cuidado.
A pantera está solta e busca sua próxima presa.

sábado, 10 de julho de 2010

Apenas dois precipícios se encarando.

Que queime toda e qualquer cordialidade -
Eu não te conheço,
Você não me conhece.
Nem amigo a gente é.

"A gente" não é nada.
Apenas dois precipícios se encarando.
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sábado, 3 de julho de 2010

Floresta

Não há laços
- Os laços foram todos cortados.

O único que range cada vez mais dourado e luminoso
É o que me faz mergulhar no escuro desconhecido
Que dentro de mim existe.

Para trás ficam bocas carnudas e leviandades
Cios tolos, ciúmes infantis, grana e vaidade.

Para dentro desssa imensa cratera pulsante
 - Onde me recebem o silêncio de gritos nunca emitidos
    E frases de amor que bailam no limo de meus pulmões -
Mergulho de braços abertos e olhos fechados.

Sou uma densa floresta que cresceu para dentro.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Fecha a porta.

Fecha a porta, meu amor.
Fecha a porta pois o mundo lá fora não nos interessa.
Ouço clara a sua voz, contando tudo que se passa
Mas quem te escuta é meu coração.

Fecha a porta, não precisamos de mais nada,
Nem da opinião de outros
- muito menos dessas -
Sobre como escolhemos levar nossas vidas.

Fecha a porta pois já não há mais tempo
Apenas esse quarto onde sinto seu corpo abraçar o meu
E respiro fundo, aliviada.

Fecha a porta, meu amor, fecha a porta.
Fecha a porta para que passem os anos
E toda a dor vire flores.

Fecha a porta e deita a meu lado
Fecha a porta e não me esqueça jamais
Fecha a porta, fecha a porta, fecha a porta...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Menino Montanha

Homem do sorriso largo
Dos olhos doces
E corpo forte.

O sol que sua pele transpira
faz toda sua alma brilhar.

Ele é pura luz e alegria!

Zangado e brigão fica
O menino em corpo de montanha
Quando o coração tem medo de viver.

A barba loura se serra assim como seus punhos -
feitos para guiar muitos carinhos e louvores a Deus -
E todos os seres da terra tremem diante de sua ira!

Eu lhe ofereço meu colo
E ele dorme como um bebê.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Silêncio que tudo diz.

Fogueiras longínquas que queimam na abódoda do céu
Nos dão os limites do sonho e do possível.

No impossível que dentro de mim existe
Faz-se luz com a sua luz
Faz-se luz com sua observação sem palavras.

Querido amigo que pouco fala -
pois aquilo que precisa ser dito é aquilo que se sente -
Seu silêncio me leva sempre aonde devo estar.

O vulcão e o jardim

Meu amor,
O vulcão novamente entra em erupção.

O gigante que somente você soube acalmar.

Não se espante se não me reconhecer passando pela rua!
Se em meus olhos houver apenas duas labaredas de fogo.
Se meus passos imprimem uma trilha incandescente no chão.

Preciso queimar.
Queimar tudo que precisa ser queimado -
À mim mesma e aos outros.

Me esgotar, explodir!

A única coisa que me acalma
É saber da existência de seu vilarejo, lá em baixo...
Com pequeninas luzes que me guiam à noite.

À beira de sua porta quero virar brasa
E então me juntar à terra de seu jardim...

Para que você faça de mim um lindo canteiro de flores.



(Escrito em 27/11/07)

Vazio.

Vazio.

Palavras de nada bastam -
Apenas confundem e magoam.

O castelo de sonhos cai e me foge o chão.
Mais uma vez, tudo de novo.


(escrito em janeiro 2010)

Centro.

Para dentro do meu centro.
Foco.
Para o centro novamente.
Sem terceiros ou distrações.
Foco.
Para dentro do meu centro.
Onde está minha verdade.
Foco.
Onde está toda verdade.
Centro.
Foco.
Sem terceiros ou distrações.
Sem terceiros ou distrações...
...
Paz...
Vento...
Eu...
O Todo.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Pequena gigante

Pequena gigante
Força de Hércules
Coração tamanho do mundo.

Está em todos
E está só.

Não sabe onde começa
Menos ainda onde termina.

Procura conforto no olhar centenário e calmo das árvores
E escuta palavras de alento sopradas pelo vento.

Ah, o vento... o que seria dela sem o vento?

Não seria nada!
Finalmente a convenceriam que não é gigante
E que seu coração é tão pequenino que cabe na palma de sua mão...

domingo, 6 de junho de 2010

Fogueira em noite fria

Os olhos verdes refletiam a cor do fogo
que lambia as madeiras da fogueira.

Mais do que queria ser mostrado ali foi visto
Menos do que se sentiu foi assumido.

Como sempre, as mãos pouco se tocaram
Com mêdo de ser o gentil que o encontro é.

Em algum momento, pela desconfiança de ambos os lados
- no maravilhoso que o mundo insiste em ofertar -
estabelece-se a guerra.

Nenhum dos dois enxerga mais.

Deus Salve Santanna!

Deus salve as árvores que nos acordam e sorriem
Deus salve os cachorros que nos dão um caloroso “bom-dia!”
Deus salve o café fresquinho com broa de milho ainda quentinha.

Deus salve o banho no Rio do Braço e a pele perfumada de sol.
Deus salve o almoço com mesa farta e conversa sem pressa...
Deus salve a rede na varanda, bom livro e soneca.

Deus salve o canto do Rio Menina, nos lembrando da pureza da terra.
Deus salve as caminhadas na beira da estrada e o sol que jaz dourado sobre nossas cabeças.

Deus salve o manto estrelado do céu .
Deus salve a lareira e as lembranças que queimam no fogo em noites frias.

Deus salve Santanna no coração dos que por aqui passaram.
Deus salve todos os sonhos que aqui ainda habitam!

Agora que sou vegetariana...

Meu coração virou tofu.

Mais Martinho da Vila, certamente.


Sabe o que eu acho? Acho que eu preciso ouvir mais Martinho da Vila...

Martinho é o cara.

A partir de hoje, toda vez que eu ficar na dúvida do que fazer, me questionarei: “o que Martinho da Vila faria nessa situação?”.

Provavelmente a resposta incluiria “devagarzinho” e/ou “tá bonito, tá gostoso”, que pessoalmente acho respostas ou orientações bastante adequadas para quase toda situação – confusa ou não - na vida de qualquer ser humano.

"Bom dia"

Despertador despertador despertador

Eis que se levanta um novo dia
A aurora me fere os olhos
Ao invés de me plenar de alegria


Ponho meus velhos allstar
ficando mais de 10 minutos sentada no chão para amarrar apenas um pé.


Esfrego os olhos, sacudo a cabeça e lembro que um dia inteiro de obrigações, trânsito, pessoas, risadas forçadas, lembranças dolorosas, chefe e uma terrível sensação de opresão sem trégua me esperam.


Me levanto e fecho a porta de meu apartamento, dando Adeus aos talismãs que se penduram afastando os maus espíritos de meu lar.
A sensação é que dalí me atiro para o universo dos maus espíritos, muitos sob pele de cordeiro, prontos a estraçalhar com gargalhadas de hiena e olhos doces toda alegria e fé que ainda insiste em nascer nesse ingênuo e tolo coração.


Minhas pernas tremem e intentam fazer o caminho inverso


Encho meu peito de uma falsa coragem na vida e sigo adiante, deixando um sonho para trás a cada passo dado.


“Bom dia!”