domingo, 18 de julho de 2010

Reflexão acerca de paixões que crescem na ausência.

Estou convencida - após muito pensar - que uma paixão crescer na ausência é o caminho mais lógico que poderia tomar tal pulsão:
Na ausência, cria-se um vazio do outro que lhe permite fantasiá-lo da forma que bem lhe convém - ainda que esse seja um processo, na maioria das vezes, inconsciente.

Me parece que na ausência se projeta, acima de tudo, a si mesmo.... E é por nós mesmos que nos apaixonamos.

A presença física e concreta do ser idealizado nos provoca então um choque: Não há redoma de ouro, raios dourados não saem por seus poros. Pelo contrário, invariavelmente nos perguntamos o que vimos de tão maravilhoso naquele que agora nos parece profundamente medíocre.

Não víamos apenas nosso próprio reflexo?

Lembro bem de uma professora da faculdade que relatou em uma aula sobre Foucault - onde entra Foucault aí os entendidos que expliquem - que, tendo sido exaurida a paixão em seu casamento, o indivíduo que dormia a seu lado todas as noites passou a ser pavorosamente menos interessante que a foto do mesmo que enfeitava sua cabeceira...
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