sábado, 31 de julho de 2010

Cicatrizes

Ficaram as cicatrizes
E elas me lembram a todo momento você.

O que as provocou não foi a mesma lâmina que cortou sua pele
- e pariu essas marcas que te afastam cada vez mais de mim -
Mas a dor de sua partida.

O vazio que tomou seu lugar, amigo, homem e amante,
Me deixou com cicatrizes por todo corpo e alma:
Em cada parte minha por ti beijada
Nasceu uma escara difícil de curar.

Pois as lembranças são tão vivas que desejo novamente tocá-las...

Então as feridas se põem simplesmente a chorar
Por todo o universo que ainda seríamos.
Por essa vida torpe e tola que brotou de nosso fim.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Saudades

Saudades...
Saudades imensas e sinceras.
Saudades daqueles tempos que não mais voltam
e de outros que algum dia deveriam chegar.

Mas vivemos no momento do apenas vazio
Ego e descosntrução
Desconstrução e embate de egos.

Transportetrabalhogentecomputadorgentecomputadorgentecomputador
Cagarcomertransportecasaacordartransportetrabalhogentecomputador

Tudo muito cansativo, sem sentido.
Para onde foi toda a beleza?
Para onde foi todo o amor que precisa ser vivido?

Tudo e todos me atravessam.
Me sinto esgotada...
Triturada e cuspida por um sistema moedor de sonhos
- pois realmente não me sobraram muitos sonhos, sabe?
Ou pelo menos eu deixei de acreditar que eles são realmente possiveis.

Que coisa triste. Isso é realmente muito triste.
Agora sei para onde foram minhas risadas
- devem ter fugido com meus sonhos!

domingo, 18 de julho de 2010

Reflexão acerca de paixões que crescem na ausência.

Estou convencida - após muito pensar - que uma paixão crescer na ausência é o caminho mais lógico que poderia tomar tal pulsão:
Na ausência, cria-se um vazio do outro que lhe permite fantasiá-lo da forma que bem lhe convém - ainda que esse seja um processo, na maioria das vezes, inconsciente.

Me parece que na ausência se projeta, acima de tudo, a si mesmo.... E é por nós mesmos que nos apaixonamos.

A presença física e concreta do ser idealizado nos provoca então um choque: Não há redoma de ouro, raios dourados não saem por seus poros. Pelo contrário, invariavelmente nos perguntamos o que vimos de tão maravilhoso naquele que agora nos parece profundamente medíocre.

Não víamos apenas nosso próprio reflexo?

Lembro bem de uma professora da faculdade que relatou em uma aula sobre Foucault - onde entra Foucault aí os entendidos que expliquem - que, tendo sido exaurida a paixão em seu casamento, o indivíduo que dormia a seu lado todas as noites passou a ser pavorosamente menos interessante que a foto do mesmo que enfeitava sua cabeceira...
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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ou...

Ou tudo não passa de uma tremenda mentira
Fruto de uma dificuldade sem tamanho
De lidar com uma paixão
Que cresce na ausência.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Pantera

Meu cio urge
Ruge
E fere.

Não há nele amor possível -
Há apenas o olhar que caça
A palavra que abate
E os passos que abandonam.

Pobre daquele que não vê o deserto por trás da miragem
E oferece seu sexo dando de brinde seu coração.

Então aqui deixo um aviso
- pois perversidade não pretendo cultivar -
Cuidado, muito cuidado.
A pantera está solta e busca sua próxima presa.

sábado, 10 de julho de 2010

Apenas dois precipícios se encarando.

Que queime toda e qualquer cordialidade -
Eu não te conheço,
Você não me conhece.
Nem amigo a gente é.

"A gente" não é nada.
Apenas dois precipícios se encarando.
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sábado, 3 de julho de 2010

Floresta

Não há laços
- Os laços foram todos cortados.

O único que range cada vez mais dourado e luminoso
É o que me faz mergulhar no escuro desconhecido
Que dentro de mim existe.

Para trás ficam bocas carnudas e leviandades
Cios tolos, ciúmes infantis, grana e vaidade.

Para dentro desssa imensa cratera pulsante
 - Onde me recebem o silêncio de gritos nunca emitidos
    E frases de amor que bailam no limo de meus pulmões -
Mergulho de braços abertos e olhos fechados.

Sou uma densa floresta que cresceu para dentro.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Fecha a porta.

Fecha a porta, meu amor.
Fecha a porta pois o mundo lá fora não nos interessa.
Ouço clara a sua voz, contando tudo que se passa
Mas quem te escuta é meu coração.

Fecha a porta, não precisamos de mais nada,
Nem da opinião de outros
- muito menos dessas -
Sobre como escolhemos levar nossas vidas.

Fecha a porta pois já não há mais tempo
Apenas esse quarto onde sinto seu corpo abraçar o meu
E respiro fundo, aliviada.

Fecha a porta, meu amor, fecha a porta.
Fecha a porta para que passem os anos
E toda a dor vire flores.

Fecha a porta e deita a meu lado
Fecha a porta e não me esqueça jamais
Fecha a porta, fecha a porta, fecha a porta...