segunda-feira, 26 de julho de 2021

Essa extroversão cansativa

Sinceramente, acho que boa parte dos males da humanidade se baseia no fato de sermos uma sociedade que supervaloriza os extrovertidos: pessoas sempre afim de festa, "amigões" de todo mundo, profundos como um pires de chá. Gente ocupada demais se distraindo de si mesma para prestar verdadeiramente atenção às pessoas ou ao mundo à sua volta. O modelo comportamental perfeito para uma sociedade consumista, frívola e pouco empática.
 
Me perdoe a franqueza incômoda, mas eu sou assumidamente uma pessoa de poucos amigos - e os poucos amigos que tenho carrego, em geral, há muitos anos. Não sou uma pessoa de bando: sou do contato íntimo, pessoal. Alguém que preza o espaço de confiança e cuidado - o delicado laço que tira o peso de nossa armadura cotidiana, nos permitindo sermos, nem que um pouquinho, vulneráveis.
Vulneráveis para falarmos de nossos sonhos mais descabidos, dos desejos que levamos desde criancinhas no coração, daquele relacionamento que você deseja que dê certo. Ainda mais vulneráveis para assumirmos que erramos, que eventualmente somos fracos, confusos, carentes, que estamos muito longe daquilo que planejamos para nossa vida. Como estamos sós.

Posto isso, acho engraçado como os extrovertidos se pautam em si mesmos para definir o que é normalidade. Tão cheios de si, crêem que todos querem - e devem querer - ser como eles. Quem não quer é taxado de estranho, problemático, desajustado. Quanta presunção!
 
Também acho mais curioso ainda é que, quando esses extrovertidos se encontram em períodos pesados, precisando descansar da sua armadura e permitir serem vistos é aos introvertidos que eles, invariavelmente, recorrem. Curioso, não?
 
Porque sim, é cansativo fingir que está tudo bem, ter inúmeras pessoas falando à sua volta e nenhuma realmente interessada em você, ter centenas de curtidas e nem uma viva alma que queira escutar, de fato, sobre os seus sonhos e medos. 
 
Quem realmente está só?






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