domingo, 20 de agosto de 2017

Vizinhos

Tenho novos vizinhos no andar de cima. Meus vizinhos gostam de receber amigos e gargalhar até tarde.
Eu, durmo cedo e acordo cedo para escrever. Dias solitários, quase sem sair de casa...
Poderia falar ao porteiro para interfonar para os vizinhos, requisitando que riam mais baixo.
Poderia eu mesma cutucar o teto com uma vassoura.
Ou, gentilmente, tocar a campainha dos novos habitantes ou deixar uma carta na portaria.
Porém, dizer para alguém controlar sua alegria quando ao lado daqueles que ama, solicitar que diminuam o volume de sua felicidade - tão íntima quanto um apertado quitinete de 28 m quadrados no Catete -, me parece uma perversidade sem tamanho.
É como pedir que crianças não corram, que amantes não gemam, que seu pai não fique adoravelmente bêbado numa festa de casamento ou que seu cachorro não pule em sua roupa limpa. 
Fecho os olhos e sorrio no escuro. Desejo que, em breve, eu também possa incomodar meu vizinhos...

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